Texto republicado do site Eu Podia tá Matando, do meu camarada Silveira Neto. Achei que o assunto já estivesse encerrado, mas o Silveira conseguiu dizer exatamente tudo que eu estava pensando, por isso peço licença para transcrever aqui no Sofá.

Uruguai e Gana pelas quartas de finais. Tudo igual, 1 a 1 já nos segundos finais do segundo tempo da prorrogação. Ao vencedor uma vaga nas semi-finais. Ao perdedor o fim da copa. Cobrança de falta de Gana. Jogada perigosa, perto da área. O gol da vitória era iminente para o time africano. A bola vai de cabeça, o goleiro tira como pode. Ela ricocheteia. Não entra. Volta e ainda na pequena área volta à cabeça do jogador ganês e se põe na trajetória do gol. Além do alcance do goleiro. O gol e conseqüentemente a derrota seriam inevitáveis se não fosse as mãos (!) de Luis Suarez. Num gesto suicida ele atira suas mãos contra a bola como um soldado que se atira contra uma granada para salvar o pelotão. Numa fagulha incandescente de lógica e raciocínio ele troca um gol certo por um cartão vermelho e uma penalidade máxima. Tudo isso acontece em um punhado de segundos. Trocou a morte certa por uma morte quase certa e se por qualquer falha sua isso viesse a acontecer certamente também teria que carregar isso pelo resto de sua vida. Se você já jogou xadrez já deve ter observado momentos quando após longa ponderação é feito uma troca de uma peça valiosa como uma rainha por uma vantagem estratégica no tabuleiro. A grande diferença aqui é que Suarez teve apenas uma fração de segundos no auge do esgotamento físico de dois tempos regulares e dois tempos de prorrogação para decidir seu destino. Cartão vermelho, um preço pequeno, ninguém está machucado. O pênalti é cobrado. Bola na trave superior. O plano deu certo. A disputa é encerrada em dramáticos pênaltis onde o Uruguai de Suarez consegue uma vaga nas semi finais.

Longe de tanta glória tivemos nossa desclassificação ontem pela Holanda por 2 a 1. O que aconteceu?

Se pela tarde daquele dia tivemos um espetáculo de inteligência e controle emocional foi justamente o oposto que o Brasil apresentou contra a Holanda. A síntese amplificada de tudo isso se chama FELIPE MELO. Um jogador truculento, destemperado, desleal e violento. No jogo anterior contra Portugal ele teve que ser tirado de campo através de uma troca para que seu temperamento não levasse à expulsão (embora Dunga viesse a justificar a troca por uma suposta torção). Era a última demonstração que faltava para mostrar que Felipe Melo não tem a grandeza necessária para jogar na Seleção Brasileira. Você certamente vai me dizer que foi ele quem deu o passe do gol pro Robinho. E daí? E daí? E o gol contra de cabeça? E o chutão covarde no Holandês caído no chão? E as declarações dele depois da escalação?

“A bola é horrível. Difícil crer em uma Copa do Mundo com uma bola dessa. A outra bola é igual mulher de malandro, você chuta, ela está ali, legal, beleza. Essa é igual a Patricinha, não quer ser chutada nunca.”

Felipe Melo é um machista. Um jumento. Um covarde. Um exemplo de tudo que não ser. Mas nem só de Felipe Melo se constrói uma derrota.

Pouco se falou do árbitro Yuichi Nishimura depois da derrota. Eu não gostei da arbitragem. Absolutamente tudo era motivo para falta em favor da Holanda. Esta se aproveitava da inexperiência do árbitro para cravar faltas a torto e a direito. Qualquer toque levava os grandalhões ao chão. Os laranjas provocavam o Brasil com gestos, palavras e faltas. Nishimura não soube controlar a situação de uma forma neutra e isso contribuí para o desequilíbrio emocional no segundo tempo. Nishimura cedeu a pressão dos holandeses. Cada falta paravam o jogo de 10 a 30 segundos e não foram poucas. Não foi um jogo de 11 contra 11. Foi um jogo de 10 contra 12, o Brasil sem o Felipe Melo e a Holanda com o Yuichi a mais. Michel Bastos levou um cartão amarelo injusto e teve que ser retirado. Pelo menos o juíz não chegou a cometer nenhum erro extremo como vimos tantas vezes nesta copa mas contribuí e em muito para o desequilíbrio do Brasil.

É fácil agora todo mundo cair em do Dunga né? Pois eu não. Não apenas por ter sido um dos protagonistas de um novo futebol na seleção desde sua primeira copa em 90, pela emoção indescritível do tetra em 94 e por ter jogado até a final em sua terceira copa como jogador em 98. A Era Dunga. Ele sempre vai ser pra mim um símbolo de liderança e seu legado vai muito além da copa de 2010. Como treinador ele não teve que trabalhar só os aspectos técnicos do time. Uma das coisas que eu aprendi com meu trabalho (que nada tem a ver com futebol) é que uma das responsabilidades de qualquer líder é isolar seu time das interferências externas. Isso o Dunga fez e essa foi a raiz de um acréscimo desnecessário a pressão indeterminável que os jogadores já passam. Treinos fechados sim! Os erros de Dunga foram só dois: Felipe Melo e não ter conseguido se portar o tempo todo com os repórteres mais irritantes.

Chego no meu último ponto. A imprensa, sobretudo a Vênus Platinada. Com seu alcance absoluto ela conseguiu criar um torcida contra a seleção aos berros pedindo a crucificação de Dunga por ter que faze-los trabalhar além das entrevistas exclusivas contando segredos estratégicos para as outras seleções e desequilibrando os jogadores. Num gesto de desafio poucas vezes antes visto no Brasil, Dunga trouxe para si uma manipulação ridícula, covarde e impiedosa sobretudo da Globo, suas lacaios subsidiárias e uma multidão de mentes tangidas. Foi vergonhoso ver o jornal no dia da desclassificação. Na abertura do jornal era atribuído a derrota do Brasil aos treinos fechados? Pode um negócio desses? É um desrespeito a nossa inteligência. Dá vontade de gravar pra guardar e um dia mostrar pros meus netos e dizer: “Era ano de 2010 e era essa a imprensa que a gente tinha que aguentar!”. A Globo agiu exatamente como o Felipe Melo: chutando quem já estava no chão pela sua falta.

Em muitos lances no primeiro e no começo do segundo tempo eu sentia nos jogadores alguns lances que não tinham muito fundamento. Pareciam apenas macaquices para aparecer na TV. O famoso “jogar bonito” em detrimento do “jogar pra fazer gol”. E não me venham com Dia Sem Globo. Façam-me um favor. Dia Sem Globo faz tanto sentido quanto “Dia Sem Estupro” – hoje você não estupra ninguém! Hã?! Se você precisa de um dia pra ficar longe de UM canal de tv você está muito além de estar por fora.[...]